A presença de profissionais da saúde na internet se tornou parte do cotidiano de muitos pacientes. As pessoas buscam informações, referências e até agendamentos por canais online. No entanto, quando se trata da área médica — e especialmente da psiquiatria —, a divulgação de serviços deve seguir regras rigorosas, que protegem o paciente e preservam a integridade da profissão. É nesse ponto que entra o papel das normas do Conselho Federal de Medicina (CFM), que determinam os limites e as boas práticas do chamado marketing médico.

O que dizem as regras?

De acordo com o CFM, o médico tem permissão para divulgar seu trabalho, desde que siga diretrizes claras. O objetivo não é proibir a comunicação, mas garantir que ela seja feita com seriedade, sem promessas enganosas, exageros ou exposição desnecessária. A propaganda de serviços médicos deve priorizar a informação, o esclarecimento e a segurança do paciente.

É vedado, por exemplo, divulgar fotos de pacientes antes e depois, usar depoimentos de pessoas atendidas, prometer resultados e fazer comparações com outros profissionais. Tais práticas são vistas como antiéticas, pois podem induzir o público a expectativas irreais e criar uma competição que fere os princípios da medicina.

O papel do conteúdo informativo

Embora as restrições existam, isso não significa que o médico precise ficar em silêncio nas redes. Pelo contrário: há espaço legítimo para quem deseja compartilhar conhecimento e orientar a população. Textos que explicam sintomas, esclarecem dúvidas sobre tratamentos e oferecem orientações preventivas são bem-vindos — desde que escritos de forma respeitosa, sem sensacionalismo e com base científica.

Para o psiquiatra, por exemplo, escrever sobre temas como ansiedade, insônia, depressão e dependência química pode ajudar pessoas que ainda não buscaram ajuda por medo ou desinformação. Ao encontrar um conteúdo claro, acolhedor e responsável, esse paciente se sente mais preparado para dar o primeiro passo em busca de cuidado.

Apresentação pessoal: o que pode ser divulgado

É permitido que o médico divulgue seu nome completo, número do CRM, especialidade registrada, área de atuação, dias e horários de atendimento, formação acadêmica e canais de contato. No caso do atendimento psiquiátrico, é possível indicar se as consultas são presenciais, remotas ou ambos, desde que essa informação esteja apresentada com sobriedade.

A linguagem deve ser sempre clara, sem prometer soluções milagrosas ou usar termos que possam parecer apelativos. O objetivo da comunicação deve ser sempre a orientação — jamais a autopromoção.

Ética como valor inegociável

O marketing médico não é um obstáculo, mas um campo que exige equilíbrio. A reputação de um profissional da saúde é construída pela confiança, e essa confiança começa na forma como ele se apresenta. Informar, orientar e acolher são verbos que guiam a boa comunicação médica, dentro e fora da internet.

Seguir as normas do CFM não é apenas uma obrigação legal. É um compromisso com a dignidade da profissão e, acima de tudo, com quem mais importa: o paciente.